É uma palavra de ordem que surgiu recentemente nas ruas italianas. No mundo industrializado, a ideia de compartilhar o trabalho está ganhando importância.
A ideia fundamental é simples. Mais do que uma semana de cinco dias de trabalho para alguns trabalhadores, deixando outros sem emprego, a semana de trabalho poderia ficar reduzida a, digamos, quatro dias, com a diminuição salarial correspondente, de forma que mais gente poderia trabalhar.
A fábrica alemã de automóveis BMW introduziu, em 1990, em uma de suas fábricas, uma semana de quatro dias, de 36 horas, com um acordo de flexibilização de trabalho. A produtividade sobe mais que os custos da admissão de novos trabalhadores, de forma que não é necessário diminuir os salários.
Outra negociação mais recente em outra fábrica automobilística alemã, a Volkswagen, inclui uma semana de quatro dias com 10% de diminuição salarial. Esta medida não criou novos postos de trabalho mas salvou 31000 empregos que, de outra forma, teriam sido cortados.
Na França, uma subsidiária da companhia de computadores Hewlet-Packard introduziu uma semana de quatro dias, mais flexível para os trabalhadores. Isto permitiu que o quadro de trabalhadores funcionasse os sete dias da semana, sem descanso, em vez de cinco dias em turnos diurnos. A produção triplicou, o emprego subiu 20% e os salários permaneceram inalterados.
No Japão, as grandes companhias estão fechando dois dias por mês e oferecendo aos trabalhadores 80-90% do salário.
É difícil dizer como exatamente poderiam salvar-se muitos postos de trabalho se os países adotassem tais medidas. Mas, no caso da França, calculou-se que a adoção universal de uma semana de quatro dias, ou 36 horas, com uma média de 5% de redução de salário, criaria cerca de dois milhões de novos empregos e economizaria 28 bilhões de dólares em seguro-desemprego.
Compartilhar o trabalho tem suas dificuldades. Algumas companhias poderiam utilizar as reduções de tempo de trabalho simplesmente como uma forma de reduzir custos. E poderia ser mais difícil implementar o plano nas pequenas companhias, quem têm menos espaço de manobra.
Trabalhadores e sindicatos estão preocupados também com a possibilidade de que esta colocação pudesse a longo prazo concentrar o trabalho em poucos postos de trabalho de alta produtividade e muito bem pagos, deixando muitos trabalhadores sem trabalho nem renda.
Compartilhar o trabalho poderia ser, não obstante, o gérmen de uma ideia que ofereceria maior liberdade para os trabalhadores, assim como um melhor nível de vida, uma vez que contribuiria de forma eficaz para a redução de desemprego. Decididamente, a questão do trabalho e do emprego necessita uma revisão fundamental, básica, tanto em escala nacional quanto mundial.
PNUD - Relatório 1994. In: CASADÁLIGA, Pedro, VIGIL. José Maria(Orgs.) Agenda Latino-Americana. São Paulo: Musa, 1995. p. 181.
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