26 de abr. de 2010

Plante uma árvore !

Cidades em Transição-Transition Towns


Entrevista com o permaculturista Rob Hopkins, criador do movimento Transition Towns (Cidades em Transição)
Imagine cidades inteiras sustentáveis, baseadas no comércio local, independentes do petróleo e de importações de alimentos. Pois elas já existem graças à visão e ação de Rob Hopkins, criador do movimento Transition Towns (Cidades em Transição). Assustado com a dependência exterior do Reino Unido em combustível e alimentação e sabendo que esse cenário de mudança climática e escassez de petróleo só irá piorar nos próximos anos, Rob decidiu que apenas suas ações individuais como permaculturista não iriam bastar.  Matéria de Thais Oliveira / Edição de Mônica Nunes, no Planeta Sustentável.
Com a sua vasta experiência em ecovilas e como professor de universidade, construiu um plano de mudança com o objetivo de alcançar a resiliência que, neste caso, significava a capacidade de sobreviver a choques externos como a escassez do petróleo, crises na produção de alimentos, falta de água e energia. Incluiu, nesse plano, todos os setores da sociedade – governo, setor privado e cidadãos – e todos os aspectos da vida cotidiana – saúde, educação, transporte, economia, agricultura e energia.
Sua primeira vitória foi em 2005, em Kinsale, na Irlanda, onde ensinava na universidade local, com a histórica decisão que levou o município todo a adotar o movimento como seu plano de gestão. Hopkins mudou-se então para Totnes, na Inglaterra, e transformou-a em vitrine do movimento. Devagar, a cidade de 8 mil mil habitantes pretende chegar em 2030 totalmente transformada e independente. Hoje já são mais de 110 cidades, bairros e até ilhas em 14 países do mundo convertidas na Transição.
O conceito é simples – apesar de trabalhoso – e flexível. Segundo Hopkins, cada comunidade adapta os doze passos iniciais do movimento à sua realidade e capacidade. Esses itens são apenas guias de como começar a quebrar a nossa dependência do petróleo, revendo os modelos de economia, comida, habitação e energia. Assim, essas cidades funcionam tanto no Japão quanto nos Estados Unidos ou no Chile. A idéia é parar de depender – ou depender minimamente – da tecnologia e voltar ao tempo onde não precisávamos de geladeiras, carros, tratores e aviões. Técnicas e conhecimentos dos nossos avós e ancestrais são valorizados e resgatados.
Uma das frentes do movimento reeduca a população e estudantes em aptidões como costura, gastronomia, agricultura familiar, pequenos concertos e artes manuais como marcenaria. Iniciativas incluem a criação de jardins comunitários para plantio de comida, troca de resíduo entre indústrias ou simplesmente o reparo de itens velhos, ao invés de jogá-los no lixo. O investimento em transporte público e a troca do carro pela bicicleta é inevitável para a redução das emissões de carbono. Em Totnes até uma nova moeda – a libra de Totnes – foi criada para incentivar e facilitar transações com produtores locais.
Diferente dos fatalistas que prevêem o fim do mundo em 2012 ou quadros horríveis de fome, seca e morte, os adeptos do Transition Towns têm uma visão realista, mas positiva, do futuro. Acreditam na ação transformadora de comunidades e no trabalho pesado para mudar as estatísticas. Em entrevista exclusiva ao Planeta Sustentável, Rob Hopkins fala sobre a origem permaculturista do movimento e de seu futuro.
Como surgiu a idéia do Transition Towns?
Toda a idéia do movimento surgiu através do meu trabalho como permacultor e professor de permacultura nos últimos dez anos. Quando comecei a me aprofundar sobre a crise de combustível e mudança climática, as ferramentas de resposta sobre o assunto eram as de permacultura. Mas o que eu percebi é que, apesar de a permacultura ser o sistema de design ideal para isso, o movimento é ainda muito pouco conhecido e tem quase uma aversão embutida ao mainstream. Por isso, o que quis fazer através do Transition foi criar um modelo em que a permacultura fosse implícita ao invés de explícita, que ela estivesse escondida dentro do processo para que as pessoas a descobrissem se assim a desejassem.
Como você definiria o movimento?
Ele ainda está numa fase inicial de implementação, ainda é muito novo, mas é muito simples. É um modelo de doze passos que leva ao processo de quebra da dependência de combustível. E, assim, abrange tudo: comida, economia, moradia e por aí vai. É aplicar os princípios de permacultura para esse objetivo de independência, mas com a esperança de abranger muito mais pessoas, em todos os setores, não somente os que originalmente se interessariam pelo assunto. O movimento quer ser positivo e focado, mas também muito inclusivo. Ele tenta apelar para todos igualmente. E acho que aí está a chave de seu sucesso.
Você conseguiu um fato inédito de incluir governo, comércio, todos os setores nos planos das cidades. Como isso foi feito?

Com muito trabalho de persuasão e organização. É muito difícil, mas precisava acontecer. A permacultura precisava avançar muitos passos e rapidamente porque segura peças importantes do quebra-cabeças que vão ser os próximos dez anos. Não temos muito tempo a perder.
Já são mais de 110 comunidades engajadas no movimento, mas apenas uma na América Latina: no Chile. Você acha mais difícil os países em desenvolvimento se engajarem?
No Brasil, existem algumas pessoas interessadas no movimento, mas esse interesse ainda está no nível do contato e não da participação ativa. Acho que os desafios são diferentes porque o que focamos é a idéia de ser resiliente, ou seja, a necessidade de reconstruir o modelo de sociedade. Aqui no Reino Unido, por exemplo, nós desmontamos tudo e acabamos com a possibilidade de nos mantermos de forma independente. Nós nos tornamos dependentes do comércio internacional e compramos o que queremos pelo menor preço possível de outros países. Com isso, nos isolamos e nos colocamos no lugar mais perigoso que existe.
Nos países em desenvolvimento ainda há mais independência, mas isso começa a ser desvalorizado, a se perder e a ser destruído. Acho que, nesse caso, a primeira coisa a fazer é colocar o valor de volta na produção de alimentos e nos conhecimentos tradicionais, porque, quando perdemos o valor nessas áreas, é muito difícil recuperar. Mas o movimento se traduz para todos os tipos de sociedade e casos. Não é rigoroso, é apenas um conjunto de princípios que pode ser adaptado a cada realidade, a cada cultura e contexto. É mais um convite do que um modelo rápido e duro.
Quais são os novos desafios do Transition Towns?
Estamos desenvolvendo um modelo de treinamento, um curso de dois dias em que as pessoas aprendem tudo o que precisam para começar a transformar suas comunidades. Esse treinamento é uma organização que está formando grupos de treinadores em todo o Reino Unido e começa a atuar, também, nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Também estamos começando a dar consultoria para empresas em como elas podem ser mais independentes de combustível e mais sustentáveis. Trabalhamos também com o governo local para encontrar soluções. Assim, enfrentamos todas as frentes: sociedade, comércio e governo. Além disso, o "The Transition Handbook – from oil dependency to local resilience" (Ed. Green Books) está sendo traduzido em várias línguas.
Fonte: Planeta Sustentável

24 de abr. de 2010

Alice no País de Carrol

http://the-office.com/bedtime-story/alice-tomboy.jpg

Alice Pleasance Liddell (4 de maio de 1852 - 15 ou 16 de novembro de 1934) era filha do deão da Christ Church (origem da futura Universidade de Oxford), onde Charles Lutwidge Dodson lecionava matemática. Ele ficou mais conhecido pelo seu pseudônimo, Lewis Carrol, com o qual publicou dois livros infantis, "Alice no país das maravilhas" (1865) e "Através do espelho" (1872), ambos escritos sob inspiração de Alice Liddell.
Alice Liddell nasceu em 4 de maio de 1852 e foi a segunda filha (terceiro filho) de Henry George Liddell, deão da Christ Church College, em Oxford, na Inglaterra. Em fevereiro de 1856, Henry Liddell assumiu o cargo de deão, e Charles Dodgson, na época bibliotecário da Christ Church, conheceu Alice e apaixonou-se. Ela tinha apenas 3 anos de idade. Ele a encontrou em 25 de abril, quando ela participava de uma sessão de fotos com seu amigo Reginals Southey. Ele pode fotografá-la, junto com suas duas irmãs em 3 de julho.
O envolvimento platônico de Dodgson com crianças é bem conhecido, embora a palavra "pedofilia" soe forte hoje em dia. Alice tornou-se a maior paixão de Dodgson e fonte constante de inspiração para seus dois mais conhecidos livros, embora ao final da escrita de "Alice no país das maravilhas" a amizade estivesse diminuindo. Alice tinha 20 anos de idade quando o Prícipe Leopoldo (o filho mais novo da Rainha Victória) chegou na Christ Church, tendo sido aluno de 1872 até 1876. Houve rumores de um romance entre ambos.
Em 1880 Alice se casa com Reginald Hargreaves. Dodgson não estava presente no casamento, mas enviou a ela, por meio de um amigo, um presente. Ela teve três filhos, os quais viveram com ela até sua morte em Hampshire. Curioso que ela tenha chamado seu primeiro filho de Leopoldo, e o Príncipe tenha chamado sua filha de Alice. Durante sua vida ela dedicou-se, em parte, a divulgação dos contos infantis feitos sob sua inspiração.



Lewis Carrol : http://pt.wikipedia.org/wiki/Lewis_carroll

23 de abr. de 2010

Desabafo

http://api.ning.com/files/3okgQD7KlYLAWLDzsC7q37lUOwgfMZYM0-On2S*JQxmHJb3IAtzmzJJPBeggYQnbyMyGUu6dj5IHyHLsdu71WiE8BleWTgBO/desabafo.jpg

Redes Sociais


Ning não será mais gratuito

O Ning, a rede social que permite que você faça sua própria rede social, está chegando ao fim – ao menos como o conhecíamos. A possibilidade de criar redes sociais de graça dentro da ferramenta vai ser anulada. Para usar o serviço, agora, será preciso pagar. E as comunidades já existentes serão varridas do mapa caso o dono não queria desembolsar dinheiro.

Simples assim? É. Acontece que desde que o Ning trocou de CEO, algumas mudanças grandes têm sido feitas. Entre elas, o fim da gratuidade e o corte de 40% da equipe (cerca de 70 funcionários). O motivo é explicado por Jason Rosenthal, o novo CEO, em um e-mail que ele enviou à equipe.

Na mensagem, ele diz que a estratégia da empresa é agora investir nas vantagens das contas premium (que já existiam, em várias modalidades), porque as grandes redes do Ning já usam esse modelo, consomem 75% do tráfego do site e portanto estão dispostas a pagar pelos serviços do site.

Às redes que quiserem se manter no Ning, a opção talvez seja usar o plano premium mais barato que estiver à disposição. Do contrário, é achar uma outra rede social de redes sociais que as acolham.



BoonEx
BuddyPress
Elgg
Joomla
JomSocial
Tuiyo
WackWall
Crowdvine
Spruz
SocialEngine
KickApps
SocialCast
The Online Family Center


Google Friend Connect
Huminity
I-Neighbors
MediaWiki
Grou.ps
Webbours
Groupsite
Stribe
Imentor
Igroops
SocialSam
MemberWing
Webs
Neeetz
Mixxt
CircleBuilder
Shutterfly

22 de abr. de 2010

"JOAOZINHO NA ESCOLA "


- Joãozinho, qual é o seu problema?
- Sou muito inteligente para estar no primeiro ano.
Minha irmã está no terceiro ano e eu sou mais inteligente do que ela.
Eu quero ir para o terceiro ano também.

A professora, vendo que não vai conseguir resolver este problema, o
manda para a diretoria.

Enquanto o Joãozinho espera na ante-sala, a professora explica a
situação ao diretor.
O diretor diz para a professora que vai fazer um teste com o garoto.
Como é certo que ele não vai conseguir responder a todas as perguntas,
vai mesmo ficar no primeiro ano. A professora concorda.
Chama o Joãozinho e explica-lhe que ele vai ter que passar por um
teste; o menino aceita.

O Diretor pergunta para o Joãozinho:
- Joãozinho, quanto é 3 vezes 3?
- 9.
- E quanto é 6 vezes 6?
- 36.
O diretor continua com a bateria de perguntas que um aluno do terceiro
ano deve saber responder. Joãozinho não comete erro algum.
O diretor então diz à professora:
- Acho que temos mesmo que colocar o Joãozinho no terceiro ano.
A professora diz: - Posso fazer algumas perguntas também?
O diretor e o Joãozinho concordam. A professora pergunta:
- O que é que a vaca tem quatro e eu só tenho duas?
Joãozinho pensa um instante e responde:
- Pernas.
Ela faz outra pergunta:
- O que é que há nas suas calças que não há nas minhas?
O diretor arregala os olhos, mas não tem tempo de interromper...
- Bolsos. (Responde o Joãozinho).
Mais uma:
- O que é que entra na frente na mulher e que só pode entrar atrás
no homem?
Estupefato com os questionamentos, o diretor prende a respiração...
- A letra "M". (Responde o garoto.)
A professora continua a argüição:
- Onde é que a mulher tem o cabelo mais enroladinho?
- Na África. (Responde Joãozinho de primeira.)
E continua:
- O que que entra duro e sai mole pingando?
O diretor apavorado!.... E o Joãozinho responde:
- O macarrão na panela.
E a professora não para:
- O que é que começa com "b", tem "c" no meio, termina com "a" e para
ser usada é preciso abrir as pernas? O professor fica paralizado!!!
E o Joãozinho responde:
- A bicicleta.
E a professora continua:
- Qual o monossílabo tônico que começa com a letra "C" termina com a
letra"U" e ora está sujo ora está limpo?
O Diretor começa a suar frio.....
- O céu, professora!
- O que é que começa com "C" tem duas letras, um buraco no meio e
eu já dei para várias pessoas?
- CD !
Não mais se contendo, o diretor interrompe, respira aliviado e diz
para a professora:
- Puta que Pariu!!!! Põe esse moleque como diretor, que vou fazer
minha matrícula no terceiro ano. Errei todas!

17 de abr. de 2010

Maya Pedal

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 (http://www.mayapedal.org/esp_index.html) criou uma lavadora, um liquidificador, uma desgranadora e até um moinho que funcionam com "a energia do pedal". Estas engenhosas máquinas são construídas a partir de peças de bicicletas usadas, concreto, madeira e metal, permitindo que habitantes de zonas rurais e pessoas de recursos escassos tenham acesso a itens e maquinaria para o trabalho diário. A Maya Pedal contribui desta forma com o desenvolvimento de povoados com poucos recursos, proporcionando-lhes itens econômicos e ecológicos.
São muitas as organizações e pessoas que estão se beneficiando na Guatemala com os inventos da ONG Maya Pedal; por exemplo, graças ao uso do bicimoinho e a desgranadora, a Associação Campesina San Andrés de Itzapa trabalha para melhorar a produção de concentrados de vegetais orgânicos, e além disso tem a capacidade para produzir xampu usando a biciliquidificador.
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José Marroquín, o inventor de 14 bicimáquinas, assegurou a BBC Mundo que seu invento mais popular é o moinho desgranador, o qual tem a capacidade de desgranar de 12 a 15 quintais diários. Também inventou um bicigerador que permite recarregar uma bateria e utizar até três lâmpadas de baixo consumo por três horas. Marroquín inclusive compartilha sua técnica com estudantes do Instituto de Tecnologia de Massachussets, como conta a nota da BBC (http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/forums/newsid_7966000/7966579.stm).
As atividades da Maya Peral não apenas beneficiam a quem recebe os itens fabricados, porque sua matéria prima são bicicletas recicladas, retirando do circuito de carroceiros e lixeiros as estruturas metálicas das bicicletas, que de outro modo seriam convertidas em material contaminante. Finalmente, as bicicletas recicladas por esta OBG se transformam em bicimáquinas, triciclos e um suporte para projetos eco-sustentáveis em zonas rurais.
Oportunidade para todos
Qualquer pessoa ou organização com interesse em construir estes itens pode fazê-lo. A Maya Pedal colocou em seu portal (www.mayapedal.org/machines.html) arquivos PDF com as instruções para construir os itens e ainda oferece planos em 3D que podem ser analisados com o programa gratuito Sketchup do Google (http://sketchup.google.com/).
A Maya Pedal oferece a oportunidade a voluntários para participar da construção de bicicletas e bicimáquinas, participando do processo de corte, polição, soldadura, armação, pintura e instalação de todas as partes que são necessárias para armar os aparatos. Além disso, os voluntários participam na capacitação de comunidades rurais, ajudando-lhes a utilizar as bicimáquinas para suas atividades produtivas.

14 de abr. de 2010

Catástrofes naturais




Por Carlos Vogt



Em junho de 1999 viajei para Macau - ainda possessão portuguesa e que seria devolvida à China na virada para o século XXI, obedecendo a acordo entre os dois países – para participar do IV Congresso Internacional de Jornalismo de Língua Portuguesa. Após uma viagem longuíssima, pela distância e pelas escalas de madrugadas intermináveis em Zurich e Bangkok, chegamos ao aeroporto e fomos recebidos por um calor úmido que denunciava a proximidade do oceano. Perto dos carros estacionados, um grupo de taxistas que conversavam animados e, de perto deles, destacou-se uma mulher que parecia ser – talvez pela nossa percepção formada em outras plagas e abalada pelo cansaço – uma carregadora. Ela se aproximou de nós e, com gestos, indicou que levaria nossa bagagem até o carro, o que efetivamente fez, sempre com gestos bastante ansiosos. Acomodando rapidamente as malas no carro, ela nos indicou as portas traseiras e, para nossa surpresa, sentou ao volante e arrancou já com uma velocidade maior que a esperada. Ela ria e gesticulava muito e não falava, absolutamente, nenhuma palavra nem em inglês, nem em português e nem em outra língua que conseguíssemos entender. O carro velho, o trânsito intenso e enormes arranha-céus onde, saberíamos mais tarde, funcionavam muitos cassinos, criavam um cenário onde poderia estar sendo filmada a continuação de Blade Runner , filme antológico de Ridley Scott. Fomos salvos por uma comunicação puramente gestual e por um mapa, impresso dias antes em casa após consulta à internet, que indicava a localização do hotel. Na manhã seguinte, como numa continuação do filme, fomos surpreendidos pela informação que não poderíamos sair do hotel porque havia um ciclone tropical na costa e que as portas e janelas estavam lacradas, provocando-nos aquela sensação de estranhamento aflito frente a situações inesperadas e desconhecidas.
Mais de dez anos depois, ainda guardo a sensação de impotência ante a força e a implacabilidade de um evento natural que, felizmente, não provocou nenhuma catástrofe. Ao contrário, deixou a viagem até mais interessante, aproximando as pessoas e marcando, com um vento forte e quente, a lembrança de um lugar tão parecido e tão diferente de outras costas "portuguesas".
Nossa relação com os fenômenos naturais passam pelo medo, pelo respeito, pela admiração da beleza, pela dor da perda de pessoas e de lares, pelo escancaramento da fragilidade humana, pelo questionamento dos mistérios da vida, pela procura de soluções, pela explicação científica ou religiosa. De uma forma ou de outra, nos abalam profunda e definitivamente.
Vários rituais, lendas e mitos que se perpetuam pelos séculos nasceram dessa relação do homem com esses eventos, em particular os mais catastróficos. Os livros sagrados de várias religiões relatam histórias de "milagres", chuvas de fogo, dilúvios, pragas destruidoras que parecem ser descrição de raios, terremotos, maremotos, erupções de vulcões. Descrevem também as consequências, físicas e psicológicas, de frágeis humanos atingidos pela fúria dos deuses que se manifestam usando a força da natureza.
Opostos que se apresentam sempre que há vida: fragilidade e força, beleza e horror, necessidade e prazer nos atraem para perto dos fenômenos naturais, produzindo comportamentos nem sempre de explicação simples e nunca pela simples curiosidade, como dos exploradores que arriscam a vida para estar perto de lavas de vulcão e pessoas que se recusam a abandonar um determinado local mesmo diante de perigo iminente.
Belíssimas fotos, em especial depois que foram colocados em órbita os satélites, mostram fumaças, crateras, marcas no corpo da Terra, que "não estava nua e, sim, coberta de nuvens" no belo verso da canção de Caetano Veloso. Imagens impressionantes do nosso belo e terrível planeta, por onde nos espalhamos procurando um lugar que nos dê abrigo afetivo e material, criando os laços com o local que, sendo especial, paradoxalmente, parece ser independente do planeta, o global.
Talvez um dos benefícios da globalização e da circulação da informação com o alcance e a rapidez das últimas décadas, seja a intensificação do sentimento de pertencermos a uma comunidade global que é atingida – prejudicada ou apoiada – pela ação local. Com exceção de membros de algumas correntes religiosas ou filosóficas, no decorrer da história da humanidade essa noção de ser parte de um todo é algo que se estabelece em várias sociedades mais recentemente, influenciando, inclusive, a economia, no sentido que a interrelação governo-empresas-sociedade passa a ter novos paradigmas que, com diferentes graus de comprometimento, tem um norte preservacionista, o que acaba nos despertando uma crença mais otimista na humanidade.
Nos últimos anos, cada vez mais e, em particular, depois da divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) demonstrando o impacto da ação humana sobre o meio ambiente, parece ter se estabelecido um sentimento bastante amplo de que se não mudarmos a atitude, em relação ao planeta e aos outros seres, vamos ser, cada vez mais, atingidos por eventos naturais crescentemente mais destrutivos. Mesmo sem ter a medida exata, sabemos que a ação predatória do homem em relação à natureza, no mínimo, acentuou a ocorrência de catástrofes naturais, o que é difícil de ser negado até mesmo pelos que defendem a teoria evolutiva que considera pouco importante a ação do homem num planeta que se mexe e se acomoda desde sempre e para sempre.
Hoje, olhamos para as catástrofes naturais, não só com as lentes de máquinas fotográficas que registram a beleza deslumbrante da erupção de um vulcão ou o horror da morte de populações inteiras, mas com uma postura de pensar em soluções que aumentem a proteção à vida dos seres vivos, no presente, e previnam a ocorrência de eventos que comprometam irremediavelmente nosso futuro. Compreender o meio ambiente e os habitantes do planeta – mesmo os microorganismos e não só pela noção de interdependência entre os seres – e adotar o princípio da sustentabilidade da vida são fatores de sobrevivência para a humanidade.
Fonte: http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=55&id=699

10 de abr. de 2010

Os 12 mandamentos do médico do S.U.S.

Um dia desses recebi um e-mail de uma grande amiga que me falava sobre os dez mandamentos do médico do SUS. Você já deve ter recebido esse e-mail. Já passou pela minha caixa de entrada "n" vezes. Dizia o seguinte:


















































Aí eu fiquei me perguntando porque que era do médico do SUS... e não dos médicos em geral. E me questionei do imaginário que isso poderia criar em quem visse esse e-mail.
Logo, decidi responder:

"Vim defender meu campo de trabalho e estudo – o SUS! Não que eu tenha me sentido ofendido, longe disso... dei boas risadas.
Mas acho que algumas idéias podem ser colocadas para nossa reflexão nessa oportunidade.
Começo por dizer que esses “mandamentos” podem sim se encaixar no perfil de muitos médicos e enfermeiros (como envolve a prescrição de medicamentos esse e-mail se restringe ao campo médico), mas, todo profissional da saúde que não saiba o que fazer em determinadas "horas" pode se identificar aí, não é mesmo? A questão é que não se trata de uma característica exclusiva de profissionais do Sistema Único de Saúde – SUS - é uma característica presente em todo campo da saúde no caso de profissionais que não se comprometem com o trabalho, no sistema público ou no privado.
Venho de uma formação voltada inteiramente para preparar profissionais com perfil de atuação no SUS e de capacidade de agir criticamente e melhorar seu local de trabalho, na intenção de defender o direito social à saúde, e assim, à vida. Minha segunda casa durante essa formação foi o Hospital Universitário Júlio Muller (SUS, portanto). Já estive trabalhando em duas instituições privadas com interesses particulares e comerciais logo que me formei e, nesse sentido, tenho vivência dos dois lados do muro (público e privado).
Uma experiência em particular me marcou quando, durante um plantão na instituição privada, perguntei a um acadêmico de medicina por que ele prescrevia determinada pomada para um paciente que estava com uma ferida grande na perna, a resposta que obtive: “Não sei”. Eu havia perguntado porque, após avaliar a ferida percebi que a “papaína à 10%” seria mais adequada ao tratamento do que a “sulfadiazina de prata” que ele prescreveu por semanas sem resultado nenhuma de melhora. Lembra os mandamentos do e-mail não é verdade (rs) e fora do SUS? 
Sem generalizações, pois pessoas comprometidas com o cuidado bem realizado há em todos os locais. Assim como os não comprometidos. 
O que diferencia os médicos do privado e do público em sua formação? Exatamente a experiência do serviço público enriquecedora de sentidos na área da saúde, por tratar com pessoas e famílias que além de depender do serviço público para terem acesso aos cuidados em saúde, elas dependem desse mesmo tipo de serviço para terem educação, habitação, renda, saneamento, etc. Muitos passaram pela experiência e se prepararam para seres formuladores de boas práticas, de tentativa de um atendimento integral, equitativo, e lutarão para manter esse direito de todo cidadão brasileiro que está em nossa Constituição de 1988: saúde é direito de todos e dever do Estado (Lei 8080/90). E para que o Estado dê conta de cumprir com esse dever (que não é pouca coisa, dar saúde para TODOS, aff....!) criou as instituições públicas de saúde, o SUS, e teve que contar conosco, profissionais da área da saúde competentes para atuar nesse campo.
Quantos profissionais estão dentro desse sistema tentando fazer o melhor por aqueles que contam (apenas) com esses serviços como única garantia de ter acesso à cuidados em saúde. 
Convenhamos que “serviços-vitrines” não são encontrados dentro do consultório médico de paredes mofadas, cadeiras, mesas e macas enferrujadas, e sem equipamentos necessários - por conta da corrupção das políticas públicas que afeta nosso país e a saúde também – para o atendimento no SUS. E os profissionais não vão manter seu status quo atendendo, por exemplo, o Sr. “João” que veio lá de do interior tratar do pé diabético dele aqui, porque não tinha serviço estruturado para isso lá e ele não podia pagar serviço particular, e vai ficar aqui internado por meses sem ter a família por perto, com um acompanhante dormindo em cadeira de fio (quando tem). Mas ainda bem que o Sr. João tem acesso a esse tipo de serviço pelo SUS, afinal é direito dele.
Faço assim, um grande convite então para que nós, eternos estudantes da área da saúde, que atuaremos no cuidado ao outro (seja ele pago ou não):
Se não sabe o que tem, realize uma semiologia melhor e peça exames adequados, não prescreva sem saber o que tratar.
Se não sabe o que viu, pergunte para alguém uma segunda opinião.
Apertou a barriga e fez “ahh”, um processo inflamatório talvez? Apendicite? Endometriose? Úlcera gástrica? Cirrose? Investigue melhor, talvez uma USG.
Caiu e passou mal, ajude a levantar primeiro, depois verifique o motivo do desconforto.
Tá com uma dor bem grandona? Atue com atenção e de prioridade no atendimento, amenize o sofrimento se possível.
Se você não sabe o que é bom, volte aos estudos, pergunte a alguém mais experiente.
Vomitou tudo que ingeriu? Investigue a causa.
Se a pressão subiu, pergunte qual o tratamento anti-hipertensivo, a que horas tomou o ultimo remédio, medique se for o caso, mas lembre a pessoa e família que os problemas dela continuarão e que precisarão ter mecanismos de apoio e sustentação para auxiliar no cuidado da hipertensão.
Pelo sim, pelo não, vamos estudar e trabalhar nossas más inclinações, afinal sendo pessoas melhores, seremos melhores profissionais também. 
Lembrem-se de David Capistrano quando ele dizia“Temos uma grande dívida com os necessitados, eles têm pressa...”

Obrigado!"

6 de abr. de 2010

Maria Sistemista

Clicae !!!

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