VEM AÍ UMA GERAÇÃO TRISTE: SEM PRIMOS E TIOS.
“Os olhos dos primos brilhavam
quando se viam.”
Manoel Afonso – em 30/11/11
Responda aí: quando foi a última vez que foi passar as férias na casa dos tios preferidos? Quantos primos você tem? Bem; se você é um “cinquentão” como eu, vai precisar pegar a calculadora, pois eles certamente são muitos e terá boas histórias para contar. Afinal os tios eram iguais aos nossos pais: farturosos até no item prole. Normalmente variavam entre 4 a 7 filhos.
A casa grande, cheia de quartos. Era uma festa todo dia. Aquele barulho gostoso no café, almoço e jantar de mesa grande. Naquele tempo não tinha esse papo de lanche leve. Era comida verdadeira, lingüiça, pão, e biscoitos caseiros.
O melhor disso tudo é que havia uma integração fantástica entre os tios e primos. As distâncias, os meios de transportes e comunicação eram diferentes de hoje, mas nem por isso eram grandes problemas. Essa magia do parentesco conseguia superar tudo. Os olhos dos primos brilhavam quando se viam. Sobrinhos pediam a benção aos tios num sinal de respeito e bem querer.
Quem passou as férias nas casas de tios sabe do que estou falando. Normalmente essas férias eram o prêmio prometido pelo bom desempenho na escola. Contava-se no dedo para a chegada do dia da viagem. O tempero da tia era especial, inesquecível até, e os programas sensacionais: festas, bailes, cinema, namoros, pescarias, praia e fazenda. Não é por acaso que hoje nos casamentos dos sobrinhos, o papo da minha geração rola solto sobre isso. Histórias engraçadas, aventuras ingênuas para os dias de hoje, mas que tiveram papel importante no enlaçamento dessas relações ao longo da vida.
Mas e hoje, como estão as relações entre os parentes? Pelo jeito não andam nada bem. Em primeiro lugar as famílias encolheram: um ou dois filhos no máximo. Como conseqüência o tamanho das casas diminuiu. Por economia acabaram com o famoso “quarto de visita”. Todo mundo anda muito ocupado, sem tempo para ser anfitrião. Para piorar veio a tecnologia que espalhou televisores pela casa inteira, praticamente proibindo os papos. Isso sem falar do computador e internet que metalizaram as relações.
Conheço muitos garotos que reclamam: tem apenas dois primos e sem muita identificação com os mesmos. O azar deles é que seus pais já pertencem a essa nova geração urbana que mora em apartamento, com ambos trabalhando fora. Cresceram trancados, vigiados pela empregada e apegados ao vídeo game e a programação da TV. Sem dúvida, eles são craques no computador, entendem de informática e usam da internet para se comunicar. Mas é só isso.
Quando esses jovens lá na frente assistirem filmes com cenas de festas familiares, como os casamentos que o cinema americano retrata bem, poderão questionar: porque não tenho tantos tios? Onde estão os meus primos? Que parentes estarão em meu casamento?
Como se diz, parente pode até ser chato às vezes, mas faz falta em certas ocasiões. Primos, tias, padrinhos, afilhados e avós são bem-vindos porque são partes integrantes da nossa vida. Sem eles, a foto estará incompleta!
Fonte: Solicitação de publicação via JOTFORM (http://www.jotform.com/form/3342932291).
Manoel Afonso é formado em Direito e atualmente atua como jornalista escrevendo diariamente uma coluna no diariodigital.com.br e no campograndenews em Campo Grande, MS. – contato:mcritica@terra.com.br
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