18 de fev. de 2015

As mulheres percebem os cheiros melhor do que os homens.



As mulheres, não importa a idade, percebem os cheiros melhor do que os homens. Elas detectam mais facilmente uma variada gama de odores – do perfume de uma flor ao cheiro de suor – e são mais sensíveis a muitas moléculas de odor, que para eles se tornam desagradáveis em concentrações mais baixas do que as que costumam incomodar os homens. Um grupo de pesquisadores do Rio de Janeiro e de São Paulo acredita ter encontrado uma razão biológica para explicar esse desempenho feminino superior na percepção dos cheiros: as mulheres têm uma quantidade muito maior de células em uma região cerebral associada à detecção dos cheiros, o chamado bulbo olfatório.

A pesquisadora Ana Virgínia Oliveira Pinto dissecou o cérebro de 7 homens e 11 mulheres com idades entre 55 e 94 anos e contabilizou as células do bulbo olfatório. Nas mulheres essa região cerebral tem em média 16,2 milhões de células, das quais 6,9 milhões são neurônios, as principais unidades processadoras de informação. Já o bulbo olfatório masculino, apesar de mais volumoso, tem apenas 9,2 milhões de células (3,5 milhões de neurônios), de acordo com estudo publicado em 5 de novembro na revistaPLoS One.

“É possível que essa superioridade numérica explique o melhor desempenho feminino na percepção dos cheiros”, conta o neurocientista Roberto Lent, coordenador do Laboratório de Neuroplasticidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde Ana Virgínia desenvolveu a pesquisa. É que o bulbo olfatório funciona como uma espécie de radar cerebral dos odores.

Espalhadas por toda a mucosa do nariz, as células receptoras de odores emitem prolongamentos que atravessam um osso (etmoide) da base do crânio e se conectam aos neurônios do bulbo olfatório. Ali, acreditam os neurocientistas, ocorre o primeiro estágio do processamento dos odores: a avaliação da intensidade e da familiaridade de um cheiro. Uma vez estimulados, os neurônios do bulbo olfatório acionam células de outras regiões cerebrais relacionadas à memória, às emoções e à interpretação consciente. “É nessa segunda fase que o cheiro vai ganhando concretude”, explica Lent, coordenador do estudo, realizado em parceria com colegas do banco de encéfalos da Universidade de São Paulo (USP), que forneceu os cérebros analisados.


FONTE: FAPESP

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