25 de jan. de 2011

Um mundo sem número?

Descompromissado devaneio
Se desejássemos retraçar a história do Determinismo, seria preciso retomar toda a história da Astronomia. É na imensidão dos Céus que se delineia o Objetivo puro que corresponde a um Visual puro. É pelo movimento regular dos astros que se regula o Destino. Se alguma coisa é fatal em nossa vida, é porque uma estrela nos domina e nos arrasta. Há, portanto, uma filosofia do Céu estrelado. Ela ensina ao homem a lei física em seus caracteres de objetividade e de determinismos absolutos. Sem esta grande lição de matemática astronômica, a geometria e o número não estariam provavelmente tão estreitamente associados ao pensamento experimental; o fenômeno terrestre tem uma diversidade e uma mobilidade imediatas demasiado manifestas para que se possa neles encontrar, sem preparo psicológico, uma doutrina do Objetivo e do Determinismo. O Determinismo desceu do Céu à Terra. GASTON BACHELARD
Volta-e-meia a civilização é colhida por desastres ocasionados pelo sistema que ela própria inventou. Alguns muito faturam, mas milhões de famílias são arruinadas. Suicídios, divórcios, falências, crimes de toda a espécie, guerras civis e mundiais, corrupção generalizada, foruns lotados, prostituição, cobiça, inveja, difamação, calúnias, a faina por remédios, pela religião, por psiquiatras e psicólogos, o afã da educação, tudo tem única origem, grosso modo: a obssessão pelo numerário..
As descobertas científicas de Isaac Newton rapidamente tomaram conta da sociedade, tornando-se também um modelo de vida. A sociedade aproveitou-se desse conceito, aliou-se ao poder econômico capitalista e elegeu o dinheiro como sendo o sinônimo de felicidade. BIEHL, L. Volcanoglo, O mundo quântico: uma nova percepção da realidade: 16
Poderíamos passar pela vida simplesmente desconhecendo os números?
Perfeitamente. Eles não são naturais, mas apenas meios de se atingir um pretenso conhecimento antecipado.
Com eles podemos calcular grande distâncias, ministrar o que se designa justiça, mas corremos o risco de surpresas, de incalculáveis fatos surgirem no caminho.
"As teses de matemática não são certas quando relacionadas com a realidade, e, enquanto certas, não se relacionam com a realidade." (EINSTEIN, A., 1997: 15).
Os animais sobrevivem na completa ignorância numeral. A águia não possui nenhum altímetro; no entanto, ao realizar o seu fulminante mergulho, alcança o máximo de precisão. Ela modula direção e velocidade a cada fração de segundo. Para a ave não há surpresa.
* * *

Deus geometriza! A geometria é o próprio Deus!
Johannes Kepler (1571-1630)
A valia materialista tomou relevância na Grécia. Seus mentores subverteram a filosofia oriental ao distinguir o corpo da alma, esta intangível. Desde então - suprema ironia -  mergulhamos na ilusão.
"Leia sobre Platão, Aristóteles e os matemáticos antigos e descobrirá como suas especulações e descobertas foram transformadas e ampliadas nos métodos e sistemas com que até hoje trabalhamos." (Jacques Barzun, A História, cit. Fadiman, Clifton org: 4)
Durante o Império Romano a parte corporal de Platão ganhou maior destaque. Para calibrar a justiça dos homens, números são relevantes. Quando ruiu a Legião, pintou a alma. Em vez do sabre, o amor tomou conta da Idade Média.
“Um conselho sem dúvida bem-intencionado, atribuído a Santo Agostinho, advertia os cristãos a manter distância das pessoas que sabiam somar ou subtrair. Era óbvio que haviam firmado um 'pacto com o diabo'.” (Toffler, A. e Toffler, H.: 41)
A "repactuação" se deve à família Medici. O acervo grego jazia num porão de Constantinopla. Os astutos religiosos não titubearam em contrabandeá-lo à Florença. Assim floresceu a Renascença. Eis a razão do sucesso de Copérnico, Galileu, Maquiavel, Descartes, Bacon e Hobbes, todos consagrados pela sintética obra do famoso Newton.
Ao examinarmos teorias e fatos, idéias e formas, para tomar o jargão da perfídia grega, elemento que impulsionou o insensato tour ocidental, delineamos o leitmotiv da insensatez.

O que estou tentando mostrar é que a ciência, por causa do seu método e de seus conceitos, projetou um universo no qual o domínio da natureza ficou ligado ao domínio do homem e que ela favoreceu esse universo – e esse traço de união tende a tornar-se fatal para esse universo e seu conjunto.
MARCUSE, Herbert, Uma ciência sem domínio?; Points Seuil, 1970; cit. CHRÉTIEN: 212
A má temática de Platão & Pitágoras abalou todos os sistemas: vegetais, minerais ou animais, e mormente os políticos, jurídicos, econômicos, científicos, filosóficos, sociais e pessoais. Embora a mágica de esporádicos trechos incólumes, o retilíneo, desrespeitoso e por tudo grosseiro caminho passou por cima de tudo. Precedeu-lhe o medo introjetado, do trovão e da epidemia, da extinção da propriedade privada em prol do abstrato coletivo, gerado e gerido por um único artífice, invasões e chacinas, guerras frias e quentes, estratégias, ações e reações.

Hobbes, que havia freqüentado assiduamente a corte fazendo-se passar por matemático (mesmo que pouco soubesse dessa disciplina) se desgostou ali, regressou à Inglaterra nos tempos de Cromwell e publicou uma obra muito malvada, de título muito raro: The Leviathan. Sua tese principal era de que todos os homens atuam devido a uma necessidade absoluta, tese apoiada, aparentemente, pela doutrina dos decretos absolutos, doutrina de geral aceitação nesses tempos. Sustentava que o interesse e o mêdo eram os princípios fundamentais da sociedade.
BRETT, R. L., La Filosofia de Shaftesbury y la estetica literaria del Siglo XVIII: 14
As aventuras “ferrocarris-ideológicas” conduziram a humanidade no rumo de Marte, digo, da morte, às covas comunitárias, massacres coletivos logrados por convocações realizadas pretensamente na defesa de ideais, mas efetivadas por mera ambição ao alheio, vileza camuflada na fé quase religiosa que hábeis condutores bem sabem incutir, no fito de captar seguidores de suas doutrinas de espoliação total...
O número (sinônimo de harmonia) passou a ser considerado essência das coisas. A soma de pares e ímpares, noções opostas (limitado e ilimitado) expressariam as relações (pouco amistosas) do Universo. O cosmos seria regido, e portanto entendido, apenas através da matemática. A coincidência é de fato impressionante. A própria “razão” provém de cálculo. Seu designativo vem de ratio, latim, significando ratear, contar, dividir, multiplicar. O grego adorava a numerologia, e jogou a bola para cair na bota de Galileu:

A idéia é originalmente devida a Platão, que, sem dúvida influenciado pelas concepções pitagóricas, foi o primeiro a afirmar que o círculo, cujas partes são todas iguais entre si, é por essa razão a mais perfeita figura geométrica, e, portanto, como os corpos celestes são eles mesmos perfeitos, o único movimento que lhes é possível é o movimento circular uniforme. A tarefa dos astrônomos a partir de então foi construir um modelo matemático que explicasse os dados observacionais da astronomia, e no qual os planetas seriam dotados de movimentos circulares uniformes.
BEN-DOV: 19
O tal Epinomis prescreve:
"A ciência dos números, dentre todas as artes liberais (?!) e ciências contemplativas, (ou seja, apenas especulações, isentas de responsabilidade porque improváveis) é a mais nobre e excelsamente divina."
Ao ser questionado porque o homem se diferenciava dos animais, a sapiência foi categórica:
"Porque sabe lidar com números."
A matemática pura, mais do que qualquer outra disciplina, tornou-se aquele discurso vivo que Platão considerou a única forma de conhecimento."

Tanto o platonismo quanto o cristianismo distanciam os seres humanos do meio que os rodeia. A natureza e a experiência eram encaradas como o mundo das modificações perturbadoras, o mundo do erro e do caos. Para o cristianismo, a dúvida e a incerteza são obra do diabo.
ZOHAR, D., O Ser Quântico, Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física: 188.
Desde então, a numerologia assumiu a hegemonia:
É todo esse número geométrico que comanda os melhores e os piores nascimentos. Se os guardiões não o conhecem, juntarão os jovens às noivas na época errada, fazendo com que seus filhos não sejam nem de boa índole nem felizes.
PLATÃO, cit. KELSEN, H., 1998: 180
Os números balizam a Medicina, a Antropologia, Farmacologia, Zoologia, Zootecnia, Veterinária, a Botânica, e na História são primordiais; igualmente servem de Alfa e Omega à Economia, integram o Direito, e mesmo a Filosofia, de Platão a Descartes, de Kant a Marx. As engenharias devem sua existência aos cálculos, mas a Sociologia também só existe por esta prevalência. O tempo passa, e ele também é marcado pelo número. Enfim, não há ramo do conhecimento, nem vida social isenta dos métodos decimais.
Quando se descobriu a Terra redonda, então, e os navegantes se enveredavam ao além-mar, em busca de muita terra para explorar, os cálculos substituíram definitivamente quaisquer filosofias. Essas só remetiam aos sonhos. Era preciso tudo medir - dias no mar, quantidade de mantimentos, mas especialmente o tamanho das terras, a repartir. Sequer o Inferno escapou do crivo. (Palestra na Academia Florentina, A Geografia do Inferno de Dante Tratada Matematicamente, 1588; cits. GEYMONET, L., Galileu Galilei: 10; Galileu, cit. SCHWARTZ, J. : 28).
O russo naturalizado francês ALEXANDER KOYRÉ (1882-1964) confirmou a presença do vírus:
"A grande idéia de Koyré, justamente, é que Galileu encarnava a herança do platonismo. Em outras palavras: Galileu acreditava que, graças à matemática, os físicos conseguiriam apreender a estrutura íntima da realidade."
A lógica científico-matemática vinha para o lugar de “lendas” filosóficas e religiosas.
O conhecimento anterior fora montada em cima de inconsistentes palavras. Agora, os números traziam mais segurança, tornavam as atividades concretas, mais lógicas e práticas; compõem os elos. A matemática é o cimento das ciências, garantia de sua coerência, defesa segura contra qualquer tentativa de acolher, “com distorções de palavras”, proposições de várias procedências, "incompatíveis entre si.”
A faculdade de conhecer o verdadeiro se resumia ao que os braços ou olhos podiam confirmar, mas o acesso ao ideal estava plenado:
"A matemática pura, mais do que qualquer outra disciplina, tornou-se aquele discurso vivo que Platão considerou a única forma de conhecimento." (FEYERABEND, P, 1991: 135)
O longo eclipse das ciências humanas se iniciou, justamente, na singela premissa: a matemática excluia a possibilidade de controvérsias:

A filosofia está escrita neste grande livro que permanece sempre aberto diante de nossos olhos; mas não podemos entendê-la se não aprendermos primeiro a linguagem e os caracteres em que ela foi escrita. Esta linguagem é a matemática e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas.
GALILEI, Galileu, cit. CAPRA, F., 1991: 50
O vigário polonês COPÉRNICO (cit. CHATELÊT, F.: 49) lhe vendeu o primeiro bilhete:
E no meio repousa o Sol. Com efeito, quem poderia no templo esplêndido colocar essa luminária num melhor lugar do que aquele donde pode iluminar tudo ao mesmo tempo? Em verdade, não foi impropriamente que alguns lhe chamaram a pupila do mundo, outros o Espírito, outros ainda o seu reitor.
Tudo seria suscetível de explicação, desde que combinado com a explicação mecânica, matemática. O Verbo não mais teria nada a influenciar, a mistificar. Ou, por outra, conforme PLATÃO, confirmado por COPÉRNICO e seus descendentes, o Verbo se mostrava, logicamente, pelo número. “Hypoteses non fingo”: .
Agora demonstrarei a estrutura do Sistema do Mundo: todo o corpo continua no próprio estado de repouso ou de movimento uniforme numa reta, a não ser que seja impelido a mudar esse estado por forças que lhe forem aplicadas. A mudança de movimento é proporcional à força motriz aplicada e ocorre na direção da reta em que a força foi aplicada. Para toda ação existe sempre uma reação igual e oposta.
NEWTON, I., cit. ROHDEN, H.: 169

Sobre isto, Newton foi bastante claro: tudo que não é deduzido dos fenômenos deve ser chamado de hipótese; e as hipóteses, sejam as metafísicas ou físicas, digam respeito às qualidades ocultas ou às mecânicas, não têm lugar na filosofia experimental.
THUILLER: 69
No epitáfio de NEWTON, na Abadia de Westminster, a mando sabe-se lá de quem, está escrito:
"É uma honra para o gênero humano que um tal homem tenha existido."
Na verdade foi uma lástima.

As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena.
BERMAN, MORRIS, cit. GOSWAMI: 31
O raciocínio quantitativo tornou-se sinônimo de ciência, e com tal sucesso que a metodologia newtoniana foi transformada na base conceitual de todas as áreas de atividade intelectual, não só científica, como também política, histórica, social e até moral.
GLEISER, M.: 164.
A má tese, ou a má temática, a "quantofrenia", conforme Sorokin, ou a "aritmomania", como diz GEORGESCU-ROEGENS, coroou o homo faber tal homo mathematicus.
O universo-máquina, que ainda tinha alma, passou a ser ‘um vasto sistema matemático de matéria em movimento’, um ‘universo material (onde) tudo funciona mecanicamente, segundo as leis matemáticas.’

A metafísica e a matemática são fontes auxiliares da ciência da natureza (subsidia), na medida em que elas são os princípios a priori que preparam esta ciência; mas, esta daqui (a ciência da natureza) deve, entretanto, ser uma ciência filosófica (philosophiae naturalis), afim de poder inspirar respeito através desta preparação que lhe trazem a matemática e a disciplina que caminha em seus passos (a metafísica), sob o nome de Philosophiae Naturalis principia mathematica.
KANT, I., cit. COHEN, Hermann. La théorie Kantienne de l’expérience. Trad. Thiago Abrahão de S. Soares. - Paris: Les editions du Cerf, 2001.
Somente depois de séculos de engano tudo foi desvendado. EINSTEIN e muitos, como ALFRED NORTH WHITEHEAD, (Matemática, cit. FADIMAN, C.: 333.) perceberam o grave deslize:
"Por mais que tenham sido ditas com orgulho, as palavras de Newton repousam num completo equívoco sobre a capacidade da mente humana para lidar com a natureza externa."
O número, todavia, permanece sonhando, dispondo a ordem hierárquica, e tudo pretende determinar:
A obsessão em dominar a natureza esconde a verdadeira obsessão do homem: dominar o caos, ou, em outras palavras, ter previsões seguras que evitem a queda no abismo. Para isso, ele inventou a ciência e tratou logo de criar leis deterministas que dessem estabilidade aos fenômenos naturais. A física de Aristóteles, a mecânica de Newton ou a abóbada de Ptolomeu tinham a função primordial de ordenar os acontecimentos da natureza, explicando suas origens e tentando prever seus movimento, PENA, Felipe, Biografias em fractais: múltiplas identidades em redes flexíveis e inesgotáveis. - Revista Fronteiras – estudos midiáticos VI(1):79-89, janeiro/junho 2004
Pois até as núpcias se postam alvo de elucubrações matemáticas:
Quanto tempo pode durar um casamento? A matemática é capaz de dizer. Pelo menos é o que afirmam o psicólogo John M. Gottman e os matemáticos James D. Murray e Kristin R., da Universidade de Washington. Eles estudaram durante algum tempo o comportamento de vários casais e prognosticaram se continuariam juntos ou não por meio de uma equação matemática. O índice de acerto foi de 94 por cento. Para fazer suas previsões, Gottman e equipe analisaram vídeos em que 700 casais escolhidos aleatóriamente nas cidades de Seattle, Bloomington e São Francisco, discutiam seu relacionamento.
MAGALHÃES, João S. www.reporternet.jor.br/matematica-diz-quanto-dura-um-casamento
O caso de MALTHUS é emblemático. Por suas contas, a população cresceria more geométrico, e os alimentos no máximo em progressão aritmética. Fatalmente o mundo entraria em colapso, mas guerras e epidemias poderiam "aliviar":
Bonar, o principal biógrafo, enaltece os pendores de Malthus, 'indivíduo que defendia a varíola, a escravidão e o infanticídio, que atacava a sopa econômica, os casamentos precoces e a assistência paroquial; que teve o descaramento de casar-se depois de pregar contra os inconvenientes de uma família; que achava o mundo tão mal governado que as melhores ações causavam o maior dano; que, enfim, tirou toda a poesia da existência'.
DOWNS: 63
De nada tem servido a antiga lição do humilde cartesiano:
Todas as ciências têm relações entre termos ou relações com o objeto, que se podem expressar por linhas, e o cálculo infitesimal permite representações figurativas para quase todas as idéias. Só que, de tanta geometria, não se devem esquecer os fenômenos ou querer substituir o conhecimento de leis da natureza por manipulações geométricas
MALABRANCHE, Filósofos do século XVII: 223
A certeza matemática enfeitiçou MALTHUS, DARWIN, MARX e KEYNES, brilhantes estrelas da via láctea platônica, mas também inúmeros outros cientistas sociais, filósofos e pesquisadores; e por fim, os políticos, e o povo em geral. WALLACE , A.R. & YOUNG, R. (Sciences studies, 1971: 184; cit. JAPIASSÚ, H, 1978: 56) identificam o rastro da intrusa:
Toda a teoria darwineana da luta pela existência é simplesmente a transferência, da sociedade à natureza viva, da teoria de Hobbes sobre a guerra de todos contra todos e da teoria econômica burguesa da concorrência, bem como da teoria da população de Malthus.
A certeza do erro
A matemática é incompleta; não pode, jamais, alcançar a certeza absoluta.
Matemático GÖDEL, Kurt, cit. STRATHERN: 243
O decantado matemático GEORG FRIEDRICH BERNHARD RIEMANN (1826-1866; cit. MINAZZI: 147) bem antecipara:
“A linguagem matemática resultava demasiada pobre para captar a experiência.”

No raiar do XX veio à tona a nova ótica.
Em toda a história da física nunca existiu um período de transição tão abrupta, tão imprevisto e de tamanha amplitude quanto o dos dez anos que separam 1895 a 1905. Em 14 de dezembro de 1900, Max Planck anunciou o nascimento da Física Quântica na Sociedade Berlinense de Física. A energia não é emitida e tampouco absorvida continuamente, mas sim na forma de pequeninas porções discretas chamadas quanta, ou fótons, cuja grandeza é proporcional à freqüência da radiação.

O salto conceitual que o físico alemão Max Planck deu em 1900, engendrando a base da mecânica quântica, reformulou de tal maneira a visão do mundo que, ao menos um historiador da ciência, não teria razões para supor que seu impacto já tivesse sido todo absorvido.
CAPOZOLI, Ulisses, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) -
Na porta do último quarto (1975) outro famoso matemático - BENOÎT B. MANDELBROT (cit. CAPRA, F., 1996: 118) mostrou-se totalmente insatisfeito com a geometria euclidiana, aquela que varou milênios mapeando as trilhas aos catadores de ventura. Nascia o conceito do fractal, para substituir o que para ele era por demais evidente:
A maior parte da natureza é muito, muito complicada. Como se poderia descrever uma nuvem? Uma nuvem não é uma esfera. É como uma bola, porém muito irregular. Uma montanha? Uma montanha não é um cone. Se você quer fala de nuvens, de montanhas, de rios, de relâmpagos, a linguagem geométrica aprendida na escola é inadequada.
Por certo, ainda que desabem todos os "conhecimentos" empilhados ao longo dos tempos, e que se mostrem relações assimétricas em configurações isentas de regularidade, ainda assim o método matemático dificilmente se desprenderá. Mas poderá diminuir sua incidência, esta importância em progressão crescente, na medida em que verificarmos que ele não passa de mera limitação.
A Física Quântica trouxe no mínimo três conceitos revolucionários: movimento descontínuo, interconectividade não-localizada e, finalmente, somando-se ao conceito de causalidade ascendente da ciência newtoniana normal, o conceito de causalidade descendente, a consciência escolhendo, entre as possibilidades, o evento real, ou seja, a realização do desejo! Ele pode se fazer a cada instante, através de probabilidades, por cada um de nós, na unidade cósmica. Impossível calculá-lo, como de resto tudo o mais. Urge uma ReVerSão. Em vez de estéreis quantidades, que já temos de sobra, precisaremos aprimorar as qualidades. Estas não obedecem tabelas:

O que governa a dinâmica da natureza, inclusive em seu aspecto mais material, na física, não é uma ordem rígida, predeterminada. Nem tampouco uma dialética entre contrários em luta, que leve a síntese, até que se produza uma nova antítese, como na visão dialética marxista rechaçada também pela genética, segundo diz MONOD. É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas.
Fonte: http://allmirante.blogspot.com/2009/02/um-mundo-sem-numeros.html

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